
Pois bem.
Lá por volta da quinta-série eu já demonstrava uma certa capacidade para escrever sobre aleatoriedades nas aulas de "produção textual" do colégio. Não era pouca merda. Eram histórias realmente cativantes que os coleguinhas gostavam de ouvir e, algumas vezes, até participar fazendo as suas próprias e colocando os meus personagens nelas, tipo um
crossover, assim.
De lá pra cá, muita coisa mudou.
Aprendi a escrever um pouco melhor, ser espertinho e estragar a dança daquele babaca filho da puta com a guriazinha mais bonitinha da turma (se aproveitando da
aura da podrura e o dom de SEMPRE ficar com a vassoura na Dança da Vassoura nas reuniões dançantes) e, eventualmente, até desvirginei (quem ou o quê não vem ao caso).
Mas uma coisa não mudou: eu nunca deixei de jogar videogames.
Infelizmente, não dá mais para marcar encontros religiosos para passar uma noite (ou mais) jogando videogame. Já se foi o tempo em que eu fazia campeonatos interplataformas (SNES e Mega Drive+Sega CD, PlayStation e Saturno/Dreamcast) marcados totalmente ao acaso e facilitados pela carona dos pais ("Mããe, posso dormir na casa do Fulano?).
A culpa disso é uma coisa que nem pensávamos naquele tempo: trabalho.
Ah, o trabalho. Uma coisa mágica. A atividade composta por sub-atividades (
side-quests?) que geralmente ocupa cerca de 1/3 do nosso dia e que nem sempre é do nosso agrado. Repetida várias vezes durante a semana, durante semanas, até que o mês acabe e apareçam alguns números na nossa conta corrente.
Nossos pais trabalharam muito para termos os nossos vícios. Agora nós é quem devemos mantê-los (a menos que tu sejas um filhinho de papai mimado que tem tudo facilitado e não valoriza metade do que tu tens, muito menos o arroz com cebola que a tua mãe faz no final de semana pra acompanhar a galinha pronta comprada no açougue, daquelas televisões de cachorro).
Mas qual é o grande problema de se trabalhar?
Pombas. Pelo menos no meu caso.
Recentemente entrei em uma nova empresa. Tudo muito legal: gente bacana,
side-quests divertidas, aquela coisa "Casa nova, vida nova", etc e tal. "Uau, que lugar legal!", pode-se dizer. Sim! Com um único porém: um ninho de pombas (nome científico:
Columba livia domestica) bem na janela atrás de mim.
Os primeiros dias foram um inferno para aturá-las. Sem fones de ouvido, tudo o que eu ouvia eram batidas de asa no ar condicionado, sons do tipo "prrrrrrrrrr" e "uuuuuuu, uuuuuuuuuu" e até uns barulhos menos expressivos.
Nunca subestime as coisas. Esses barulhos menos expressivos eram, nada mais, nada menos que FILHOTES DE POMBA.
Desde o dia em que eu entrei na empresa, passei a acompanhar o desenvolvimento da maldita família de pombas. Até agora já ví SEIS ao mesmo tempo e CINCO ovos recém postos.
Procurei mais informações sobre as pombas no Google e acabei descobrindo ou confirmando coisas bastante interessantes:
- As pombas são consideradas a grande praga das cidades e algumas zonas rurais;
- As pombas colocam de 1 a 2 ovos por ninhada e podem ter de 5 a 6 ninhadas por ano;
- O tempo de incubação dos ovos de pomba é de 17 a 19 dias;
- As pombas transmitem várias doenças: Criptococose, Histoplasmose, Ornitose, Salmonelose, Dermatites, entre outras.
Além de uma quantidade exagerada de conhecimento científico, também encontrei relatos de pessoas que, assim como eu até uns dias atrás, nunca tinham visto filhote de pomba e, quando viram ovos de pomba, ficaram divididos entre fazer um omelete ou deixar os ovos vingar.
Acho que acabei desenvolvendo um
TOC (Transtorno Obssessivo-Compulsivo) porque me vejo cuidando, aporrinhando e assustando elas várias vezes ao dia.
O quê você faria com elas no meu caso?
Com essa pergunta encerro a minha coluna, que deve ter saído muito maior do que eu imaginava, mas serviu para exercitar uma habilidade adormecida por muito tempo.
Se alguém leu até o final desse post e pensou "Puta que pariu, que tremenda perda de tempo! Vou processar esse pau no cu por ter escrito tanta merda!", eis o meu recado para você(s):